O edifício actual do Solar de Fralães não é a casa original dos Correias. Essa ficou sem dúvida mais acima, mas quase no fundo da encosta do monte, onde houve o lugar do Paço, muito próximo da Chã, que aliás era reguenga.
Este edifício parece ter passado por um período de compeensível e acentuada ruína no séc. XIX. Ao menos é o que se deduz de certo soneto de Barbosa Campos e do que escreveu Teotónio da Fonseca.
Terá sido a Marquesa de Monfalim e seu marido quem procedeu à sua recuperação. Ao contrário do que escreveu o autor de Barcelos Aquém Alem-Cávado, a reconstrução romântica do solar aproveitou muito do que já havia. Sabemos isso pela descrição da Corografia Portuguesa e por documentos como as Memórias Paroquiais e mesmo o Livro dos Acórdãos. A torre é sem dúvida quatrocentista e igualmente o devem ser várias portas do rés-do-chão.
No século XVIII, já tinha havido obras: foi feita a sala de audiências e a cadeia. À sala de audiências chamou-se também tribunal. Da Casa da Porta chegaram até nós bastantes notícias. Era a segunda da freguesia, logo a seguir ao Solar dos Correias ou de Fralães. Em tempos recentes, tinha edifício próprio para três caseiros e ainda para o feitor. Ao tempo das Lutas Liberais já homens desta casa residiam na Rua das Flores, do Porto, então a rua chique da cidade. Nasceu nela o pianista e compositor Luís Costa.
Como uma senhora da Porta casou com um filho do médico Henrique Gomes de Araújo, senhoras da casa ajudaram aquele médico a verificar o jejum da Beata Alexandrina.
A Quinta da Porta possui um conjunto muito significativo de documentos antigos, que não estão estudados. Segundo Teotónio da Fonseca, a quinta desmembrou-se da Casa de Fralães já no século XVI.
Pelo meio do séc. XX, um filho dum caseiro da Porta entrou na ordem franciscana. Era o Pe. Manuel.
A Casa do Rio era uma casa de certa dimensão e com terrenos férteis. No século XVIII, há notícia dum Fr. Manuel aí nascido. No princípio do séc. XX, casou para lá Aires Campos, depois conhecido por Aires do Rio. Veja-se noutro lugar o que sobre ele se escreve.
Na primeira metade do séc. XX, houve duradoura rivalidade entre a Casa do Rio e a Casa da Granja. Esta casa também terá sido abastada. O edifício foi recentemente reconstruído e largamente ampliado. Houve um juiz do Couto de Fralães que era da Casa dos Silveiras; outro foi do lugar do Paço. Certamente houve juízes de outras casas, mas muitas vezes não é possível relacionar os seus nomes com elas. De resto sabe-se que os cargos municipais eram evitados pelas pessoas abastadas.
No cimo do monte d’Assaia, foi construída uma capela em honra de Nossa Senhora do Livramento aí por 1720; demoliram-na no séc. XX
No mesmo monte, houve vários moinhos de vento; ainda lá estão as construções redondas de pedra onde ficavam as mós e sobre que se enfunavam as velas. No lugar do Paço, houve um moinho a água.
Imagens: Solar de Fralães, porta antiga do mesmo solar, recibo duma renda à Marquesa de Monfalim, a última dona nobre do Solar de Fralães, lintel da antiga Casa da Porta, portal destruído da Casa dos Silveiras, lintel duma casa de Urjães (tem umas figuras em relevo), lintel de outra casa de Urjães.
sábado, 31 de outubro de 2009
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